Ortorexia, como “comer certo” pode se tornar um malefício a saúde?
O que se tinha como padrão de beleza corporal modificou-se como passar do tempo. Tal fato gera um grande problema, impedindo a busca adequada para alcançar o objetivo desejado, seja ganhar ou perder peso. Isso leva a situações desesperadas e muitas vezes fatais. A mídia é uma influenciadora direta desta realidade. Uma vez que o padrão de beleza deveria ser nossa saúde e bem estar, hoje ele dá lugar a números, de medidas ou manequim.
Segundo Thompson (1996) temos 3 elementos que influenciam a imagem corporal.
- O perceptivo, que envolve nossa própria percepção em relação a peso e o tamanho do corpo, como um todo.
- O subjetivo, que envolve a satisfação com o corpo e a ansiedade por essa busca.
- O comportamental, que envolve as situações de desconforto com a aparência do corpo.
A ortorexia é um transtorno alimentar, caracterizada pelo anseio por comer “certo”. Onde apenas alimentos “puros” podem ser consumidos.
Realmente existe um modo certo de comer?
Conhecido a mais de 20 anos, esse transtorno alimentar ainda é tido como novo. A preocupação com o “comer correto” pode se potencializar com o passar do tempo, levando a restrições mais severas, como a exclusão de alimentos e até grupos alimentares inteiros, fundamentais para uma alimentação balanceada.
Um ponto importante que pode ser comprometido pela ortorexia é a vida social. O individuo pode se recusar a sair de casa, para que o padrão alimentar não seja afetado, ou então, sempre ter sua comida pronta, onde estiver. Independente do ambiente que esteja e da própria situação social em si. Além disso, pessoas com ortorexia, normalmente tem o comportamento de “promover” a ideologia do “comer puro” e isso pode ser um incômodo.
É importante destacar, que ter o seu alimento para enfrentar a rotina diária não é um transtorno. A ortorexia vai muito além deste habito, onde talvez o principal pilar seja a seleção dos alimentos. Onde apenas alimentos “puros”são consumidos, sem aromatizantes, sem corantes, sem pesticidas, sem alimentos geneticamente modificados, entre outros. Podendo até chegar ao ponto de não usar utensílios e talheres, que não os próprios, por não serem feitos de materiais puros.
Ortorexia x Alimentação Saudável
A busca por uma alimentação saudável é um hábito de saúde e longevidade. Assim, a ortorexia pode demorar para se tornar um problema e ser identificada.
Uma alimentação saudável vai muito além da escolhas dos alimentos, não que esta parte não seja importante, ela é! Algumas dicas que compõe um cardápio equilibrado são:
- Dar preferência por alimentos in natura ou minimamente processados
- Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades.
- Diminuir o consumo de alimentos processados
- Evitar o consumo de alimentos ultra processados.
- Variar os grupos dos alimentos que compõe nosso prato (verduras, saladas, legumes, grãos, sementes, carnes, ovos)
- Variar a cor dos alimentos que compõe nosso prato.
- Sempre que for possível, opte por comprar o seu alimento, dando preferência por mercados, feiras.
- Melhore suas habilidades culinárias. Sempre que possível cozinhe o seu próprio alimento.
- Aproveite o ato de comer, evite realizar outras atividades quando for comer.
- Sempre que possível, compartilhe o ato de comer com outras pessoas.
Por que a ortorexia acontece?
Atualmente, o corpo tem influência no valor das pessoas, com pontos de vista e julgamentos. A mídia exerce grande influência sobre este fato, com os padrões de beleza atuais, onde a magreza e músculos são protagonistas.
Pessoas que intolerâncias e alergias, profissionais da saúde, em especial os mais envolvidos com nutrição, tem uma chance maior de desenvolver ortorexia.
O corpo não deve de forma alguma estereotipado como um objeto de valor. Além disso, não é por que o seu corpo não parece com de uma outra pessoa que ele é inferior ou superior. Em tempos onde o corpo tem tanto destaques, outros valores ficam em segundo plano.
Referências Bibliográficas:
Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar Para População Brasileira. 4ª Edição. Brasilia: 2014. 158p.
MARTINS, Márcia Cristina Teixeira et al., Ortorexia nervosa: reflexão sobre um novo conceito. Rev. Nutr., Campinas, v.24, n.2, p.345-357, mar/abr, 2011.
PONTES, Jackeline Barcelos; MONTAGNER, Maria Inez; MONTAGNER, Miguel Ângelo. Ortorexia nervosa: adaptação cultural do orto-15. Demetra. v.9, n.2, p.533-548, 2014
SAIKALI, Carolina Jabur, et al., Imagem corporal nos transtornos alimentares. Rev Psiq. Clin. v.31, n.4, p.164-166, 2004